17 de janeiro de 2014

é hora de ir...

há coisas que morrem aos poucos, a gente mal percebe e, quando olha, acabou.

apesar de os números de postagens ano a ano diminuírem vertiginosamente, eu não percebi o que era óbvio: que o tempo deste blog já foi e que a sua proposta já se cumpriu.

depois de 357 redes sociais e trocentas ferramentas de se procurar a maneira certa para se comunicar, volto às raízes da escrita, e resolvi, a la Luiza de Marillac, fazer uma coisa diferente, nesse verão: vou escrever sobre o efeito que as coisas causam em mim (e não resenhas), especialmente sobre  filmes, livros, exposições, viagens (e o que mais pular na minha cabeça)...

voltando aos clichês de janeiro: ano novo, blog novo: http://ra9uel.blogspot.com.br/

se ainda vier alguém aqui, nos vemos por lá!
:***

6 de janeiro de 2012

das mudanças

ontem eu vi uma pessoa que não via há tempos.
percebi, com pesar, que ela não tinha mudado nada -- as mesmas roupas, o mesmo cabelo de sempre, a mesma way of life.
e me lembrei de quando achava que mudar era difícil demais, que as pessoas são como são e outras certezas imbecis que só a adolescência esticada ao máximo na vida adulta nos traz.

durante muito tempo, eu me neguei a mudar.
achava que perderia a minha essência se o fizesse, ou que estaria desistindo de mim pelos outros.

hoje vejo que mudar é o que nos move.
mudar é o que nos faz sair da cama todos os dias, mudar é o que nos mostra que a vida não ficou parada no engarrafamento, enquanto tentamos ir para o ponto seguinte.

entendo que o medo das mudanças existe, tudo é tão fluido que esse medo se mescla ao medo de perder...
mas parece que não nos lembramos que as coisas podem mudar pra melhor, ou que a máxima "não se mexe em time que está ganhando" muitas vezes nos prende a situações há muito desgastadas.

tenho consciência que mudei.
só não faço ideia do quanto, mas estou feliz por isso.
posso ter quebrado a cara muitas vezes -- muuuuuuuuuuuitas veeeeeeezes! --, mas tô no lucro :)

26 de julho de 2011

canceriana feelings

sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro 
percorrer correndo os corredores em silêncio 
perder as paredes aparentes do edifício 
penetrar no labirinto
o labirinto de labirintos 
dentro do apartamento

talvez o maior drama que me permeie seja a busca por um lar.
a casa que será genuinamente minha, a casa onde as idiossincrasias que mandam serão as minhas.

e, como toda oposição, acredita-se que ser situação é fácil.
com a chave da porta vindo pra minha mão, me vejo meio que sem saber o que fazer.

sonho ou segurança?
turbilhão ou tranquilidade?
ctrl z ou flash forward?

às dúvidas se soma a idade.
ainda há tempo pra se tomar riscos?
o que é viver senão se abaixar das flechas, pular os buracos e rir de tudo isso depois?

16 de fevereiro de 2011

biutiful


ontem eu fui ver biutiful -- precisava de 2 horas fora da tensão do trabalho e da tensão pré-viagem.

de vez em quando eu faço dessas coisas, que agora escritas parecem banais.
fui a um shopping que não conhecia, tomei "chá da tarde" no marietta, e me joguei numa sala lotada de solitários das mais diversas estirpes, cada um vendo no filme o que precisa ver.

sim, eu estava agitada, e, no começo, o filme, na falta de palavra melhor, me frustrou.
a gente se acostuma a ver trailers, críticas, chegar ao cinema com algo pré-concebido.
cheguei ao filme com uma vaga ideia do que aconteceria, mas o filme se negava a me entregar o que eu inconscientemente queria.

eu nunca pro iñarritu (sei, sou terrível), e não conhecia a sua cadência.
o filme se movimenta em torno de uxbal (bardem), numa escura e pobre barcelona, com imigrantes ilegais chineses e senegaleses, cada um explorando o próximo pra conseguir o seu próprio sustento.
uxbal é uma espécie de aliciador destes imigrantes, pra que trabalhem (como camelôs, costureiras de bolsas falsificadas ou pedreiros) a preços bem abaixo do mercado.
tem 2 filhos, uma ex-mulher bipolar, mora numa pocilga, e apenas sobrevive.

é um filme sobre a morte, nas mais diversas acepções da palavra.

não é daqueles filmes que vc se transporta pras cenas e depois é despejado sem fôlego na cadeira do cinema, ao final.
é daqueles em que vc questiona tudo, se imagina na situação, e, o principal: tenta perceber as twists do roteiro, meio que justificando o próprio filme.

então acontece.
não sei como, vc para de ver meros personagens, arquétipos comuns, e percebe que ali são pessoas.
fazer um estereótipo é bem mais fácil e previsível.
fazer uma pessoa real, não é tão simples.
e o javier bardem está fenomenal.

eu sempre olho praquele homem e me lembro daquela pegação louca, em vicky cristina barcelona.
ou da atuação dele no carne trêmula.
ele está fascinante.
o rosto sulcado, o olhar perdido, a resignação...
não sei como ele faz, mas está tudo lá.

até a fotografia escura e melancólica me ganhou.
e essa barcelona é bem mais real e factível.
a cidade cinza, e as luzes verdes, quase vaga-lumes numa profusão de túmulos...

gostei.
muito.
sinto a necessidade de ver a trilogia do diretor (amores perros, 21 gramas e babel), além de ver o mar adentro.
grazadeus, só faltam 2 dias pras minhas férias começarem :)

9 de janeiro de 2011

à revelia da revelia

2010 foi um grande ano! :)

um ano de muito trabalho, viagens e esclarecimentos.
conheci um pouco do norte do país (macapá e belém), fui pra shows memoráveis (franz no riôa e paul em sampa), deletei um povo fim de carreira das minhas cercanias...

enfim, um ano para ser grata a tudo o que tenho -- especialmente aos amigos --, e pra não ter culpa por fazer o que fiz!

estranhamente, esse ano não fiz lista de desejos pra hora da virada...
estava tão feliz que nem quis pensar em mais nada que não fosse curtir o momento :)

acho também que é porque algumas coisas também já estão tão palpáveis, que saíram do mundo das ideias e agora caminham para a fila rumo ao possível.

de alguma forma, uma impaciência galopante me livrou de algumas canecagens que eu mantinha na vida...
(ou glória, abigail glória!)

life is very short, and there's no time for fussing and fighting, my friend

de agora em diante, eu quero que o meu coração e o meu corpo façam as pazes e morem na mesma região sociodemográfica; quero viajar ainda mais; quero ter mais tempo para curtir os amigos, a família (olha o sobrinho chegando!); quero leveza e felicidade!

especialmente, em 2011, eu quero riscar do meu dicionário a palavra revelia.
as decisões agora me pertencem, não quero esperar que os outros estejam prontos pra mim, não aguento mais viver no futuro!

24 de setembro de 2010

arrebatada!

como dizia a senhorinha do comercial do ambervision, tudo está nítido e claro, agora!

hoje saí do meu lugar comum (acordar me arrastando - ir pro trabalho - voltar pra casa e mofar), e fui assistir ao show indicado pelo johnny na biblioteca nacional, do balaio de maria, banda que a prima dele toca.

foi maravilhoso!
me emocionei em vários momentos do show, as novas roupagens que eles deram a algumas músicas ficaram irresistiveis!
a minha favorita foi a versão big band anos 40 de who's bad?, michael jackson.
e a participação bem humorada e inspiradíssima de Indiana Nomma foi a cereja do bolo!

e pensar que eu quase não ia...
deu uma preguiiiça, porque o acesso, mesmo perto, não era tão simples, por causa do engarrafamento no horário.
além disso, eu simplesmente não sabia o que esperar e, por vezes, isso é aterrador.

enfim, meio que me forcei a ir, pois havia prometido ao joão.
quando cheguei, meu coração quase parou: parecia que eu estava em fortaleza de novo, sabe?
o evento era organizado pelo BNB, o auditório igualzinho ao do centro cultural do banco, em Fortaleza.

me vi revivendo várias apresentações: minhas, de amigos, de ídolos.
de repente, eu me dei conta de como a música me faz falta, como não era apenas um hobby, e sim uma necessidade.
um pedaço de mim está dormente, e é assustador, perceber isso.

assusta ainda mais perceber que o problema de brasília não é não ter mar, não é não ter para onde sair (absolutamente), é simplesmente o fato de que eu não dou chance nenhuma à cidade; fico o tempo todo vivendo em função das minhas futuras e fugazes viagens à Fortaleza.

se é pra por a culpa em alguém que não seja eu, posso tentar acusar os meus amigos por serem tão absurdamente maravilhosos, e me darem um referencial quase impossível de ser alcançado -- obviamente, isso não existe; assumo que não permiti que as pessoas se aproximassem.

ainda assim, praticamente com o corpo morando a mais de mil milhas de distância do coração e do cérebro, fiz boas amigas. mas sei que posso fazer mais do que o pouco que faço e, de verdade, dar uma chance para esta cidade.

a vida acaba sendo um show que não nos sentíamos prontos pra ver, mas que nos arrebata de tal forma que nos perguntamos aonde estávamos enquanto o mundo girava.

por isso, aos poucos, quero ajustar as minhas roldanas aqui.
a primeira missão é voltar a cantar.


como bem disse cecília meireles, eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.

em breve, os próximos capítulos.

1 de maio de 2010

like a glove

tenho a sensação que alguns textos são escritos exatamente para nós, mas para lermos no momento exato da vida... ou para serem relidos várias vezes, nos aconselhando naquilo que precisamos, na hora certa.

dessas *cartas culturais* nos chegam filmes, livros e músicas, só pra citar o que mais me toma de assalto diariamente. quem nunca achou que Chico Buarque escreveu algo para si?

pois é, Paulinho Moska de vez em quando escreve algo e eu sei que é pra mim! não se acanhe, beibe, pode mandar direto, tá? vou adorar!

e agora, em prosa, divido com você, que não vem e nem virá aqui, algo que veio endereçado a mim, mas foi pra você, meu bem. divirta-se!

pronto, agora que voltou tudo ao normal, talvez você consiga ser menos rei e um pouco mais real. esqueça, as horas nunca andam para trás... todo dia é dia de aprender um pouco do muito que a vida traz.

mas muito pra mim é tão pouco, e pouco é um pouco demais! viver tá me deixando louca, não sei mais do que sou capaz! gritando pra não ficar rouca, em guerra lutando por paz... muito pra mim é tão pouco, e pouco eu não quero mais!

chega! não me condene pelo seu penar, pesos e medidas não servem pra você poder nos comparar, porque eu não pertenço ao mesmo lugar em que você se afunda tão raso, não dá nem pra tentar te salvar!

porque muito pra mim é tão pouco, e pouco é um pouco demais (...)

veja, a qualidade está inferior! e não é a quantidade que faz a estrutura de um grande amor, simplesmente seja o que você julgar ser o melhor, mas lembre-se que tudo que começa com muito pode acabar muito pior

e muito pra mim é tão pouco, e pouco é um pouco demais (...)

pouco eu não quero mais!

25 de abril de 2010

taenias

hoje vou falar de solitárias - não da solium ou da saginata, mas, no final, também serão contempladas, creio.

em eleanor rigby, já pediam que olhássemos the lonely people, e não dá pra não fazer isso num shopping, às 16h de um domingo, num bairro mais ou menos de Brasília.

como boa representante das solitárias, eu não aguentava mais ficar em casa, escovando urubu e esperando o tempo passar. roubei o carro e fui ao cinema (sozinha, como de hábito), no meio da tarde, tendo final de campeonatos regionais de futebol.

imaginem, então, um shopping 90% feminino. fui assistir o Gerard Butler (tá, sou uma viadinha, admito) e ainda me choquei com a ausência masculina e com a similaridade entre as mulheres que estavam lá, assistindo comédia romântica.

não sei se não reparava nisso quando ainda morava em Fortaleza, mas me é estranho demais ver tanta gente andando só. uma multidão de sozinhos, que entram nas lojas e vêem os produtos, mas não as pessoas. não sei se a distância é diretamente proporcional ao desenvolvimento da cidade, mas eu prefiro, sem dúvida, o meio termo.

voltando às solitárias, depois me peguei imaginando se elas/nós também não nos assemelhamos às nossas xarás e aguardamos um homem para hospedeiro... de minha parte, taenia certeza: dependendo do hospedeiro, o babado é certo! :P

10 de abril de 2010

como transformar um dia péssimo num memorável?

sabe quando você passou uma semana pesada, tendo mil coisas pra resolver "pra ontem" no trabalho, com visitas em casa, pai e mãe em meios de tremeliques de saúde e ainda tem uma sexta-feira cheia de palestras, todas ministradas pela professora da Patty Pimentinha?

sim, eu tinha tudo pra voltar pra casa me arrastando...
até o teria feito, se ontem não tivesse sido dia 9.

que seja o primeiro de uma série imbatível! :)

8 de março de 2010

it's terribly complicated

hoje um banzo bateu e eu apanhei.
foi tudo tão sufocante, que eu nem sabia ao certo a razão daquilo.
quer dizer, eu sabia, mas tentava afundar no meu inconsciente.

simplesmente fugi.
não fui estudar, eu tava quase engasgando.
a saudade de casa, a saudade de uma Fortaleza que eu sei que só existe na minha memória me doía (mas isso é assunto pro ooooutro post, se um dia eu conseguir traduzir isso em palavras e elas passarem pelo meu crivo).

fui ao cinema.
até nisso, tava tudo mazela: eu queria ver o filme argentino que ganhou o oscar, (el secreto de sus ojos) mas, pasmem, a fita quebrou. Q-U-E-B-R-O-U.

acabei indo pro "it's complicated" com ódio no coração, porque tudo o que eu
precisava era ver uma comédia romântica melosa - NOT!
tá, era isso o que eu achava.

eu realmente precisava tê-lo assistido.
finalmente a sinapse se fez, e eu percebi que tava me sentindo culpada: culpada por ser direta, culpada por tentar fazer tudo diferente...

e eu precisava ver, nem que fosse num filme, alguém numa situação idêntica à minha, e tão perdido quanto eu.

fez-se a luz.
bem longe, lá no fim do túnel, mas fez-se a luz.
especialmente quando eu me vi torcendo pra ela não sucumbir!

tá bom, consciência, entendi o recado.
na próxima, nada de voadora nos peitos, tá?
gradicida.