26 de julho de 2011

canceriana feelings

sim, eu poderia abrir as portas que dão pra dentro 
percorrer correndo os corredores em silêncio 
perder as paredes aparentes do edifício 
penetrar no labirinto
o labirinto de labirintos 
dentro do apartamento

talvez o maior drama que me permeie seja a busca por um lar.
a casa que será genuinamente minha, a casa onde as idiossincrasias que mandam serão as minhas.

e, como toda oposição, acredita-se que ser situação é fácil.
com a chave da porta vindo pra minha mão, me vejo meio que sem saber o que fazer.

sonho ou segurança?
turbilhão ou tranquilidade?
ctrl z ou flash forward?

às dúvidas se soma a idade.
ainda há tempo pra se tomar riscos?
o que é viver senão se abaixar das flechas, pular os buracos e rir de tudo isso depois?

16 de fevereiro de 2011

biutiful


ontem eu fui ver biutiful -- precisava de 2 horas fora da tensão do trabalho e da tensão pré-viagem.

de vez em quando eu faço dessas coisas, que agora escritas parecem banais.
fui a um shopping que não conhecia, tomei "chá da tarde" no marietta, e me joguei numa sala lotada de solitários das mais diversas estirpes, cada um vendo no filme o que precisa ver.

sim, eu estava agitada, e, no começo, o filme, na falta de palavra melhor, me frustrou.
a gente se acostuma a ver trailers, críticas, chegar ao cinema com algo pré-concebido.
cheguei ao filme com uma vaga ideia do que aconteceria, mas o filme se negava a me entregar o que eu inconscientemente queria.

eu nunca pro iñarritu (sei, sou terrível), e não conhecia a sua cadência.
o filme se movimenta em torno de uxbal (bardem), numa escura e pobre barcelona, com imigrantes ilegais chineses e senegaleses, cada um explorando o próximo pra conseguir o seu próprio sustento.
uxbal é uma espécie de aliciador destes imigrantes, pra que trabalhem (como camelôs, costureiras de bolsas falsificadas ou pedreiros) a preços bem abaixo do mercado.
tem 2 filhos, uma ex-mulher bipolar, mora numa pocilga, e apenas sobrevive.

é um filme sobre a morte, nas mais diversas acepções da palavra.

não é daqueles filmes que vc se transporta pras cenas e depois é despejado sem fôlego na cadeira do cinema, ao final.
é daqueles em que vc questiona tudo, se imagina na situação, e, o principal: tenta perceber as twists do roteiro, meio que justificando o próprio filme.

então acontece.
não sei como, vc para de ver meros personagens, arquétipos comuns, e percebe que ali são pessoas.
fazer um estereótipo é bem mais fácil e previsível.
fazer uma pessoa real, não é tão simples.
e o javier bardem está fenomenal.

eu sempre olho praquele homem e me lembro daquela pegação louca, em vicky cristina barcelona.
ou da atuação dele no carne trêmula.
ele está fascinante.
o rosto sulcado, o olhar perdido, a resignação...
não sei como ele faz, mas está tudo lá.

até a fotografia escura e melancólica me ganhou.
e essa barcelona é bem mais real e factível.
a cidade cinza, e as luzes verdes, quase vaga-lumes numa profusão de túmulos...

gostei.
muito.
sinto a necessidade de ver a trilogia do diretor (amores perros, 21 gramas e babel), além de ver o mar adentro.
grazadeus, só faltam 2 dias pras minhas férias começarem :)

9 de janeiro de 2011

à revelia da revelia

2010 foi um grande ano! :)

um ano de muito trabalho, viagens e esclarecimentos.
conheci um pouco do norte do país (macapá e belém), fui pra shows memoráveis (franz no riôa e paul em sampa), deletei um povo fim de carreira das minhas cercanias...

enfim, um ano para ser grata a tudo o que tenho -- especialmente aos amigos --, e pra não ter culpa por fazer o que fiz!

estranhamente, esse ano não fiz lista de desejos pra hora da virada...
estava tão feliz que nem quis pensar em mais nada que não fosse curtir o momento :)

acho também que é porque algumas coisas também já estão tão palpáveis, que saíram do mundo das ideias e agora caminham para a fila rumo ao possível.

de alguma forma, uma impaciência galopante me livrou de algumas canecagens que eu mantinha na vida...
(ou glória, abigail glória!)

life is very short, and there's no time for fussing and fighting, my friend

de agora em diante, eu quero que o meu coração e o meu corpo façam as pazes e morem na mesma região sociodemográfica; quero viajar ainda mais; quero ter mais tempo para curtir os amigos, a família (olha o sobrinho chegando!); quero leveza e felicidade!

especialmente, em 2011, eu quero riscar do meu dicionário a palavra revelia.
as decisões agora me pertencem, não quero esperar que os outros estejam prontos pra mim, não aguento mais viver no futuro!