31 de dezembro de 2008

so long, farewell...

2008, meu querido, você já vai tarde!
ouso dizer que não fará a mínima falta.
quando sair, desligue a luz e feche a porta.

***
2009, sinta-se em casa! =)

9 de dezembro de 2008

conto de fadas na pós-modernidade

era uma vez uma princesa...

ela estava com a cabeça cheia de coisas pra resolver, como levar o carro pra oficina, pagar as contas, adestrar o dragão, mandar pintar a torre em que fica trancafiada...

num dos seus passeios pela floresta, do nada e sorrateiramente aparece o príncipe. ele fala com ela daquela maneira pseudo-tô-nem-aí, e os dois apenas cruzam olhares e caminhos.

a princesa continua a sua caminhada quando percebe o que tinha acabado de acontecer. começa a ver chifre em cabeça de cavalo branco (do príncipe, claro) e vê como a aproximação do mancebo foi, no melhor dos termos, flagrantosa.

a princesa começa a olhar para os lados, na floresta, e sempre que avista o príncipe percebe que ele a olha acintosamente. tão acintosamente que contradiz a abordagem agora classificada como insípida.

a princesa volta pra torre com mais caraminholas do que saiu, e resolve deixar a ponte levadiça só encostada e o dragão preso no quintal, caso o príncipe queira visitá-la.

o príncipe, sentindo o cheiro de importância como o cachorro brabo sente o cheiro do medo, deu um passo atrás para saborear o efeito da sua abordagem na vida já tresloucada da princesa, que conciliava a casa, o trabalho, a família, o jogo de buraco com as amigas e as saídas com os amigos animados e gays sempre que a agenda lhe permitia.

quando a princesa estava quase virando uma maniçoba (tendo sido cozida por cerca de uma semana), o príncipe resolve aparecer. educado, fala sobre poesia, arte, olha nos olhos da princesa e diz como ela é linda, e demonstra como ele se sente honrado por estar ao lado dela. pleonasticamente, um príncipe!

a princesa, que sempre ficou na sua, à espera, adorou aquela atenção. o príncipe era tudo o que ela queria. era alguém por quem ela abriria mão até de algumas coisas para ficar com. mas não precisou nem dar as doze badaladas, para a máscara photoshoppada dele começar a se desfazer.

mas a demente da princesa não quis ver o que estava acontecendo. afinal, não é todo dia que um príncipe aparece na sua vida, nem tampouco sabe dizer as coisas que ela quer ouvir. a princesa fingiu que não percebeu a migração do príncipe para o corpo hospedeiro, vulgo ogro.

a educação agora passa longe e nem manda lembranças, a consideração foi arrancada do dicionário dele com mais uma penca de folhas cheias de palavras importantes como respeito, atenção... só deve ter sobrado o i, mesmo... de imbecil, idiota, irresponsável!

a princesa tenta não ver as verrugas aparecendo sob a crosta grossa do ogro. é a última transformação (ou a última máscara a cair); ele começou a definhar, e a se mostrar do tamanho que é: insignificante. e finalmente a princesa viu que ele não passava de um asqueroso sapo. daqueles de bananeira, com as pontas dos dedos cheias de ventosas, que grudam pra não mais ir embora.

a única atitude nobre do príncipe foi não se empenhar o suficiente pra enganar a princesa. até então, ela se iludiu sozinha (afinal, ninguém ilude ninguém; nós é que nos iludimos em relação aos outros).

ela se culpou por um tempo. que tipo de princesa meia-boca era ela, pra permitir que um truçui desses se aproximasse? depois ela viu que não adianta nem se culpar, nem culpar os sapos que tentam se aproximar da realeza.

não é culpa deles serem assim. ela quer mais do que sempre teve, e ele também, cada um ao seu modo. ela é a virginiana, organizativa, quer tudo no devido lugar, inclusive um relacionamento amoroso; ele é o brucutu que quer uma princesa obediente cujo grande prazer seja pegar a cerveja gelada do congelador pra ele.

a princesa, decepcionada, volta pra sua torre. fica triste, mas nem tanto; no fundo, no fundo, ela se divertiu nessa história toda. levanta, muda todos os móveis de lugar, corta o cabelo, muda a tranca da porta levadiça, liga pros amigos e vai pra farra, sem olhar pra trás.

moral da história: o final a gente já sabe; a graça está em como vivemos até lá!

8 de dezembro de 2008

meio.

até onde somos responsáveis pelos que nos cercam?
até onde devemos respeitar os outros, em detrimento do que sentimos?
até onde devemos aceitar tacitamente decisões levianas e umbigocêntricas?

não, não é nada pessoal. mas acaba sendo, sabe?
foi comigo, e eu fiquei extremamente chateada.
não que houvesse alguma obrigação, algum stopper, nada...
mas a criatura nem parar pra pensar que o que estava fazendo era constrangedor, é uó!

reitero aqui: não é pessoal.
não é a pessoa que me irrita, e sim o descaso dela.
não é por perdê-la ou milhares de baboseiras que escrevo aqui, mas pelo princípio.

e estou cansada de ter que pedir desculpas por tê-los (princípios).

fim.

2 de dezembro de 2008

ver melhor

só pra falar dos meus olhos vermelhos.
não os do coelho, nem de marijuana...
vermelho-mar.
vermelho tempestade.
vermelho inevitável.
vermelho.
...