31 de agosto de 2009

água-viva


sabe aqueles comerciais de tênis em que a pessoa sai correndo, sem pensar em nada, apenas se sentindo viva?
pois me sinto exatamente desta forma na água.

é onde eu não preciso fazer mil coisas ao mesmo tempo, onde eu posso simplesmente me esquecer de qualquer coisa, me entregar à fluidez do ambiente e meramente ser.

sou louca demais pra ser terra, ligada demais pra ser ar.
fogo? gosto que me esquentem, serve?

sou água.
maleável, incerta, fresca (ui!)...
posso ser gelada, quente, o que EU quiser.
só não posso ficar parada; dá dengue!

30 de agosto de 2009

luke, i'm your father

3 da tarde.
deixamos meu pai em casa depois do almoço e minha mãe e eu fomos ao extra.
tarde bem comum de domingo.
ao lado da gôndola dos queijos, meu celular toca.

- alô?
- alô. - a voz masculina me responde, só.
- sim, diga.
- você sabe quem tá falando?

[ai, odeio quem pergunta isso.
eu nunca sei.
aí você fica com remorso porque não sabe quem é esta criatura que tá te ligando, quando a etiqueta e todas as convenções mandam que este outro se identifique.
enfim, voltando...]

- não faço a mínima idéia. - respondi, já brusca.
- aqui quem fala é o seu pai.

[eu tenho um problema mental de nunca reconhecer a voz do meu pai ao telefone, já que ele ODEIA usá-lo, e eu devo ter falado com ele uns 15 minutos por telefone na minha vida inteira... mas de uma coisa eu tinha certeza: aquele não era o meu pai!]

- não mesmo, meu senhor! - até cheguei a duvidar, mas me mantive!
- sou eu, seu pai! - ele insistiu, rindo.
- não tem nem perigo! quem é que tá falando?
- chris? chris, sou eu...
- olhe, esse telefone não é da chris... - pior é que nessas horas eu começo a rir, na maior...
- claro que é! minha filha, sou eu! não é o número tal?
- preste atenção: esse número não é da chris, é meu...

[e minha mãe, segurando uma manga e olhando pra minha cara, ciente de como seria estranho o meu pai me ligando, preocupada e ansiosa.]

- mas não pode! minha filha...
- olhe, o senhor ligou pra filha errada. boa sorte, boa tarde e tchau.


fiquei bolando de rir com a minha mãe no supermercado, e o pobre ainda ligou de novo...
coitado!
a própria filha dando o telefone errado pra ele... ;)

24 de agosto de 2009

janelas.


AMO janelas.
nem precisa de Freud pra explicar isso.
morei no térreo milhares de anos, a vista do meu quarto era pra um muro.
resultado: sempre quis uma janela pra chamar de minha ;)

quando eu era pequena (já notívaga, óbvio) achava escândalo a abertura do supercine, com todas aquelas luzes da cidade vistas de cima...
eu achava que ser adulta era ter trilha sonora ao fundo e morar numa cidade onde eu me sentisse na abertura do supercine, com aquela vista.

assim, a noite sempre me arrebatou...
e se tem algo absolutamente lindo em brasília é o anoitecer e a própria noite.
dá vontade de sair andando, a esmo, com música no ouvido e o coração livre.

será que já me entreguei à cidade?

21 de agosto de 2009

homeless


tudo está estranho.
leio os arquivos do blog, me reconheço, mas me sinto tão distante...

depois que vim morar em bsb (antes eu dizia que tinha vindo estudar, apenas), sinto que perdi aquele sentimento de pertença a lugares - mesmo com a minha verve canceriana gritando por um lar.

não me sinto em casa nem lá nem cá.
e isso não é ruim (creio)...
me sinto com um pé no mundo, e o outro pé meio que escolhendo onde pisar.
neste ínterim, estou entre fronteiras.

no fim das contas, o que me causa estranheza mesmo é o fato de que algumas pessoas (é, você, meu bem!), quando vêem os seus planos egoístas frustrados - porque você, meu bem, os planejou sozinho, sem sequer pensar no que o outro (oi, eu!) queria ou podia fazer - simplesmente riscam a pessoa da sua vida, como se tudo fosse uma vingança, um jogo, ou uma porcaria qualquer que não tem mais valor...

um dia, conversando com a minha avó sobre o quanto perseverar, ela me disse:

"minha filha, tente uma vez. não deu certo? tente de novo. ainda assim, não deu certo? não tente mais... foi Deus que quis assim; o que decepciona hoje, às vezes, é o melhor que pode lhe acontecer."

pois é.
nem sei quantas vezes foram.
mas já foi.