9 de janeiro de 2009

novo | nove


eu não podia deixar de escrever hoje, dia 9. todo um mundo aconteceu do longínquo e nada saudoso 2008 pra cá.

como na minha vida acontece tudo junto, a tsunami bate na minha barragem intermitentemente desde que o ano é ano. eu tinha pensado em rever algumas coisas, comparar os acontecimentos, traçar metas, construir gráficos, analisar, analisar, analisar... mas não há tempo e, sinceramente, nem sentido... as coisas acontecem porque têm (com acento ou sem? e agora?) que acontecer, e analisar demais só nos anacroniza.

desde o dia 2 a minha vida se concentra nos arredores do Hospital da Unimed. meu pai está internado, e ontem colocou 3 singelas pontes de safena. quando eu falo, todo mundo fica: ele teve algum enfarto antes? como ele estava? estava mal?

é sempre estranho ouvir isso, porque ele faz parte do seleto grupo dos que não sentem nada... nem uma dor no peito, nada. mas não sejamos obtusos; é claro que ele sabia (ou pelo menos intuía) que as coisas não iam bem. isso tudo me faz pensar nas minhas pontes de safena (metafóricas e simpáticas)...

falo por mim, a única autoridade que tenho: eu sinto que as coisas (metafisicamente) não vão bem, mas vou levando; talvez seja a hora de construir os meus viadutos de forma que ninguém precise morar embaixo deles.

essa convalescença também é minha. é momento de fechar algumas feridas, mesmo com quelóide. é momento de perceber que não se está sozinho. é momento de ver a família unida, os amigos próximos e verdadeiramente torcendo. é momento de saber que a vida não é se esconder, é enfrentar de peito aberto (às vezes literalmente) as agruras.

pode ser que você ache que eu não estou bem, mas estou tão feliz quanto posso estar. sinto-me acometida de uma lucidez causticante; é como se eu tivesse o gabarito da prova de amanhã e os outros ainda estivessem estudando furiosamente.

realmente, não sei o dia de amanhã. não sei onde estarei daqui a uma semana. não sei, ponto. e é claro que dá medo... mas a adrenalina do novo, do desconhecido, está subindo!

há espaço para tudo nessa vida... desde as coisas mais simples, como ficar feliz ao ver a lua cheia olhando pra cá desde cedo, até ser a antena da família para resolver tudo, enquanto a minha mãe (que é o pilar por mérito e por verdade) está vivendo a sua própria luta em Brasília, contra uma doença que assola o país: a burocracia.

voltei ao AA: um dia de cada vez. nesse ínterim, olhos, ouvidos e coração abertos para as cores, que teimam em aparecer quando a gente não lembra que elas existem...

esse 9 chegou me rolo-comprimindo... e isso é ótimo!

2 comentários:

dadys disse...

eu também sinto que não está nada bem e que estou feliz o máximo do que eu "aguentaria"... vontade de mudanças também?

ra9uel disse...

as mudanças já começaram, beibe!
não dá mais pra lutar... e quer saber? eu não quero lutar! quero que as coisas mudem, sim...