13 de abril de 2009

mulher-objeto

eu sou uma mulher-objeto.
mas não a padrão, não a versão novela-das-oito.
sou aquela que adora coisas.

guardo tudo.
papel de bombom, tíquete de cinema, caneta...
o valor sentimental está inversamente ligado ao valor material.
me desfazer destas testemunhas de momentos é doloroso.

geralmente eu não jogo fora; olho atentamente aquela preciosidade, tento racionalizar, dizendo a mim mesma que aquilo não tem a menor utilidade, mas a minha relação com os momentos não me permite deixar esses objetos seguirem seu curso, seja ir para outro dono, seja ir para o lixo, mesmo...

a questão é: se eu não sou capaz de jogar nada fora, porque não reajo quando o fazem? porque, de repente, jogar aquilo fora faz todo o sentido?

não sei... talvez eu só não queira ser a responsável por encerrar a lembrança.
mas não dá pra deixar todas as gestalts abertas esperando que alguém milagrosamente as feche para mim.
depois de quase um ano e meio, a fita amarela quebrou. nem me lembro dos outros dois pedidos, só me lembro do principal. é tão óbvio que já aconteceu, mas até o momento da quebra da fita, eu não tinha articulado o pensamento.

a roxa continua firme e forte. acho que pra não me deixar esquecer da situação em que ele foi amarrada, das pessoas que participaram deste processo...

vamos ver quanto tempo esta aguenta...
e do modo clássico, sem me intrometer.

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