9 de novembro de 2008

saulo.


o cheiro do mar vez por outra me invade as narinas.
e ele é vento.
o vento que permito que entre por entre meus cabelos.
é ele quem vejo da janela da minha torre,
na minha selva de fuligem e amianto.
o seu gosto, quase sinto.
o sal, o sol...

ele é vento.
vento que quase fala, que mais significa que pronuncia.
vento que brinca, vento que tira o sorriso da caixa em que se guarda quando se sabe que não vai usá-lo naquele momento.

meu Saulo, meu vento, sou tua Ostra.
sei que não posso te guardar, mas me deixa te sentir.
sei que tu és fugaz, e sei que somos impossíveis neste plano, mas podemos lutar, ainda.

metade de ti é mar.
a outra metade nem ouso nomear.
metade de ti é chuva, é tempestade, é cheiro, é impulso.
a outra metade é suspiro.
metade de ti, às vezes serena, esconde redemoinhos.
a outra metade desperta redemoinhos.

e metade de mim é esperar a tua visita na minha nuca.
a outra metade nem me interessa mais.

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