5 de maio de 2008

nighty

tem coisas na vida que simplesmente somos. desde que o discernimento me chegou, lembro-me da minha fascinação pela noite. há momentos na minha infância que me dão lembranças tão boas que me convencem da minha relação eterna com ela, a dama.

minha mãe, sentindo o cheiro perigoso das idéias próprias, tentou (em vão) me tornar uma criatura diurna. talvez ela nunca entenda que não é opção para mim, ser notívaga... é fato! passei anos estudando pela manhã, me sentindo um pobre vampiro triste, violentada às 6 e qualquer coisa da madrugada.

e as coisas só pioraram quando eu percebi o nascimento da minha cinefilia. todos os fins de semana me era permitido dormir na hora em que eu quisesse, e os meus pequenos olhos se deleitavam com a sessão tripla de supercine, sessão de gala e corujão. naquela época, meus jovens, em 80 e bolinha, não havia nada mais glamouroso que a abertura do supercine! uma tomada de cima de prédios iluminados, ao som de um sax que me remetia a lembranças que eu nunca tive.

não sei, naquele momento tudo o que eu queria era crescer e ganhar uma janela que desse para algo diferente de uma parede (eu morei no térreo até 2 anos atrás, e não tinha nem para onde olhar), e viver a atmosfera mágica das encantadoras luzes (da ribalta? ~.^). a noite, a misteriosa noite, me enredou definitivamente naquele tempo.

e esse amor, cultivado lentamente, se apoderou de mim. com o tempo a relação noite e filmes foi se apurando, até que a vida adulta me põe em cheque. tenho que escolher, neste momento, entre o meu grande amor e a minha vida. se houvesse uma maneira de conciliá-los, eu o faria, mas estão em lados opostos, agora.

não é por não te amar que te deixo, mas sim por te amar demais, e por te querer para sempre, que agora é momento de abrir mão de ti. para que possamos voltar um para os braços do outro, sem cobranças, simplesmente para o nosso deleite.

3 comentários:

Marília disse...

eu acho que nossos bichos de estimação dizem muito da personalidade da gente. por mil motivos, amo gatos porque são noturnos que nem eu.

também me sinto sendo violentada às 6h ou 7h e pouco da madrugada... ;)

mas até hoje, continuo nessa.

e a mamãe na dela: sem entender e me mandando dormir antes da meia-noite. mas como???? ;D

:*

ra9uel disse...

essas mães, viu?
brigam quando a gente acha a coisa mais normal do mundo, e simplesmente não falam nada quando a gente acha que o mundo vai desabar...
fazer o quê, né?
beijo!

Antonio Souza disse...

Só tenho uma coisa a dizer: a noite é MARA!