4 de abril de 2008

descobertas

na dúvida, fecho os olhos e me jogo. este é o mandamento, agora. me chamou pra ir na esquina comprar pão, eu vou! quero nem saber se o pato é macho, eu quero é ovo!! :)

e tem alguns dias que eu tenho redescoberto o meu mundo, agindo desta forma. a chuva interior eu já tratei de secar, como canta MR... e caminho pelas estradas que já vi várias vezes, mas que a cor e a textura mudaram, porque outra dimensão se abriu entre meus olhos e elas.

Barthes diz que entre a pessoa comum e a realidade há um anteparo translúcido que não permite que ela veja com exatidão o que acontece. já o que separa o artista desta mesma realidade é um tênue véu, e a arte é a expressão do que ele vê/sente.

não me proclamo artista, mas sei que meu anteparo não deve ser translúcido. quem sabe seja algo entre um e outro, um biombo de palhinha, com cheiro de mercado central. ou talvez eu seja apenas uma autista social...

deixando os devaneios meus, vamos às ditas descobertas. é incrível como conhecemos pessoas há um bom tempo e às vezes não sabemos muito sobre elas. ou melhor: percebemos que nunca as conhecemos o bastante.

nestes dois dias, recheados de seqüestros virtuais e físicos, aprendi sobre os mais variados assuntos: urticária, manteiga com azeite, o modo de usar um lápis, a vida dura da busca pela perfeição, preguiça X sorvete, mais beatles, caçadas em escritos outros, elis, titios, o nosso papel nos jogos, a maravilha que é ser convidada para sair, novos amigos...

perdão aos amigos mais antigos, mas tenho que me repetir: as pessoas me ganham por pequenas coisas, por pequenos gestos. ser heróico é possível, sempre que haja interesse. fazer algo para impressionar os outros é algo comum. por isso me pego (e me apego) aos atos corriqueiros, às idossincrasias, ao cotidiano.

cada amigo me ganhou por um motivo. para alguns, banal, mas para mim, um marco. alguns me ganharam por serem loucos, outros por me deixarem contar os livros pra eles, outros por terem um sexto sentido e saberem a hora exata que eu mais preciso deles, outros por me trazerem pra realidade, outros por simplesmente me fazerem rir, outros por dividirem vícios, outros por descobrirem vícios comigo, outros pelas madrugadas compartilhadas, outros pela música, outros por terem simplesmente entrado no meu coração antes que eu me desse conta disso.

e, de cada um, eu tenho a primeira impressão marcada na memória. sei dizer exatamente quando me ganhou e porque. um dia dou uma de Léo e mando para cada um este momento.

2 comentários:

Marília disse...

posso me sentir PESSOALMENTE lisonjeada com este post? ;-)

(nem precisa responder: já estou me sentindo mesmo! hahaha)

amei fazer a caçada. não havia absolutamente nada planejado. eu nem poderia imaginar que você pediria a chave algum dia...

já comentei vááááárias vezes com a ingrid: você é uma fortaleza, raquel! e isso não impede que a chuva lave e leve você às vezes (talvez muitas). acho que o que a faz forte é exatamente a auto-permissão (com hífen? sem hífen?). é o "na dúvida, fecho os olhos e me jogo". é preciso ser muito forte para encarar uma queda ao ar livre, tanto mais com olhos fechados, raquel! ;-)

e sabe? o meu post foi, antes de tudo, uma descoberta MINHA. não sei se você notou, também pelo meu blog, que eu penso muito nas pessoas que conheço. adoro fazer isso. passo hoooooras pensando como fulano ou beltrano são sensíveis ou malucos ou constantes ou fofos... "vareia. sempre. :)" (não me segurei! hahahaha) voltando: é mais instrutivo, interessante e divertido do que só pensar em mim o tempo todo, garanto. :-)

pois bem: ele (o post) nasceu depois que pensei um tantão em você, nos seus "exageros" aqui no blog, no muito que conheço do meu amigo, no pouco(?) que consegui desenhar de você e outras coisas que não me lembro agora.

depois de achar que você deu a MELHOR resposta do universo (muito bem dada mesmo! :-)), me veio a elis na mente, rindo largo e cantando belo. creio que nem você nem eu (uma gaiata que não tem nada a ver com a história) saberíamos traduzir tão bem como já havia traduzido baden e retraduzido a sua "mãe".

doce de chocolate: está anotadíssimo!!! :-)

beijos.
;-)

ps - tem sido um prazer enorme.

ra9uel disse...

arrasa. sempre. :)